“Havia um homem de Benjamim, chamado Cis, filho de Abiel, filho de Seror, filho de Becorat, filho de Afia, de família benjaminita, que era um homem valente. Tinha um filho chamado Saul, que era jovem e belo. Não havia em Israel outro mais belo do que ele; dos ombros para cima sobressaía a todo o povo.” (1Sm 9,1-2)
Saul (do hebraico “sha’ûl”, que significa “pedido” a Iahweh) viveu no período dos juízes, sendo o último deles o profeta Samuel, cuja história narramos anteriormente. Samuel foi pressionado pelo povo, diante da iminente ameaça dos filisteus, a eleger um rei que os governasse. Samuel não concordava, pois sabia que eram interesses puramente humanos, mas fez a vontade Deus. Saul foi então o escolhido e “Samuel tomou um pequeno frasco de óleo e derramou-o na cabeça de Saul; beijou-o e disse: ‘O Senhor te confere esta unção para que sejas chefe da sua herança’” (1Sm 10,1).
Já no início de seu reinado, iniciou uma guerra contra os amonitas e assim sua fama de rei guerreiro se estendeu. Essa foi uma das qualidades primordiais que o acompanharam permanentemente. Seu grande erro, que o levou à ruína, foi desobedecer às orientações de Samuel (não o reconhecia como profeta), usurpar funções sacerdotais, violar as leis de Moisés no que diz respeito às guerras e, consequentemente, infringir um dos mandamentos da lei, não aceitando a autoridade de Deus.
Numa reflexão superficial, poderíamos nos questionar se de fato Saul era um homem chamado por Deus para dar continuidade à caminhada do povo de Israel. Recordemos que, antes de ser rei, era um jovem simples, do campo, bondoso. Deus o escolheu e o ungiu, porém, com o passar do tempo, ele foi se perdendo em sua arrogância e se desviando dos mandamentos de Deus. A vocação de Saul era para cuidar do povo de Israel, no entanto, sua missão ficou distante quando perdeu o sentido de sua escolha.
O chamado de Deus é um dom, pois Ele confia nos seus ungidos. Porém, se a vocação não for alimentada com uma resposta coerente diante da graça de Deus, corre-se o risco de vivê-la com total separação do plano salvífico, deixando de lado a opção fundamental para seguir seus desejos. Certamente, a vocação de Saul teria tudo para ser diferente e reunir as tribos de Israel em torno de um mesmo ideal, mas, sua fraqueza espiritual desencadeou o fracasso.
Aprendemos com a história de Saul que a obediência a Deus é o pilar da felicidade eterna.
Não basta ser ungido por Deus, é preciso dar testemunho dessa unção com atitudes coerentes que glorificam o nome santo do Senhor e colaboram na salvação da humanidade. É um dever do escolhido centrar sua vida em Deus e fazer de sua vocação um dom comprometido com a comunidade.
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