Na noite em que nosso Senhor Jesus Cristo passou da morte à vida, a Igreja convida os seus filhos a se reunirem em vigília e oração (cf. Missal romano). A vigília do Sábado Santo é considerada “a mãe de todas as santas vigílias” (Santo Agostinho, Sermão 219: PL 38, 1088. 1). Faz parte do Tríduo Pascal (Quinta-feira Santa, Sexta-feira da Paixão e Sábado Santo ou Sábado da Aleluia). Essa noite é “uma vigília em honra do Senhor” (Ex 12,42). A palavra “vigília” significa passar uma noite velando; nela a Igreja permanece em vigília, à espera da ressurreição do Senhor. Essa celebração está no centro do ano litúrgico, representa o Totum pasquale sacramentum. De fato, além dos fatos da ressurreição são celebrados também os da paixão de Cristo. O rito da Missa é constituído de quatro partes: a liturgia da luz, da Palavra, a batismal e a eucarística.
A importância da Vigília Pascal, celebração da ressurreição de Nosso Senhor, é exposta no Catecismo da Igreja Católica, quando diz “Por isso, a Páscoa não é simplesmente uma festa entre outras: é a ‘festa das festas’, ‘solenidade das solenidades’, como a Eucaristia é o Sacramento dos sacramentos (o grande Sacramento). Santo Atanásio a denomina ‘o Grande Domingo’, como a Semana Santa é chamada no Oriente “a Grande Semana”. O mistério da ressurreição, no qual Cristo esmagou a morte, penetra nosso velho tempo com sua poderosa energia até que tudo lhe seja submetido” (1169). Sendo assim, é fundamental que se participe dela para que se viva essa experiência da ressurreição.
Na prática, como viver esse mistério pascal? É necessária a participação da sagrada liturgia com reta disposição de espírito, colocar a alma em consonância com a voz e colaborar com a graça divina para não recebê-la em vão, ensina a Constituição Apostólica Sacrosanctum Concilium (11). Na Constituição Dogmática Lumen Gentium, no parágrafo décimo, enfatiza-se a maneira como os fiéis exercem a recepção dos sacramentos, a saber: “Na oração e ação de graças, no testemunho da santidade de vida, na abnegação e na caridade operosa” (10). A caridade é a via principal de toda a liturgia. O Papa Bento XVI, em sua primeira encíclica, Deus Caritas Est, no número 25, ensina que a liturgia não é alheia ao mundo, mas por sua natureza está a seu serviço, na caridade verdadeira há unidade interna de amor a Deus e ao próximo.
O evento pascal é permanente e atrai tudo para a vida, há uma Páscoa mística que não tem ocaso, que perdura no “hoje” da nossa existência, portanto, nossos sofrimentos e vitórias são participação na morte e ressurreição de Jesus. A Páscoa de Cristo permanece na Páscoa do seu povo.
Celebremos com jubilosa esperança e amor ardente a Vigília Pascal, permaneçamos unidos pela graça que flui do próprio mistério pascal até que Ele venha.
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