Dentre as últimas palavras de Jesus na cruz está a da entrega da maternidade de sua mãe para toda a Igreja e do cuidado que sua própria Igreja dali em diante deveria ter para com a Virgem Maria. Essa reciprocidade no amor sempre se manteve viva na trajetória eclesial.
A Igreja e os discípulos do Senhor conservaram na memória a presença marcante de Maria no âmbito da história da salvação. Desse modo, a devoção mariana configurou-se como uma realidade pertencente ao cristianismo nascente e a todo o desenvolvimento da consciência cristã até os nossos dias.
Há uma história real, contada pelo Papa Francisco quando esteve no Brasil em 2013, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que ilustra com toda clareza a importância da devoção mariana para os cristãos.
O Papa conta que em uma localidade da Argentina não havia sacerdote há aproximadamente vinte anos. Evidentemente, as pessoas passaram a escutar o pastor de outra tradição cristã, considerando que sentiam a necessidade de se alimentar da Palavra de Deus.
Quando um sacerdote foi enviado àquele local, uma senhora muito culta teria dito a ele: “Tenho raiva da Igreja porque nos abandonou. Agora vou ao culto todos os domingos ouvir o pastor, que foi quem alimentou a nossa fé durante todo esse tempo”. O Papa, a essa altura do relato, identifica uma experiência de falta de proximidade da Igreja. Essa falta de proximidade está na base do afastamento de muitas pessoas do caminho do Senhor.
O sacerdote, pacientemente, ouviu a senhora relatar sua tristeza pela ausência da assistência de ministros por parte da Igreja. Ao se despedir, ela lhe disse “Padre, um momento. Venha ver!” e encaminhou-se para um armário, abriu-o e eis que havia dentro uma imagem da Virgem Maria. A senhora disse ao padre: “Eu escondo esta imagem aqui, para que o pastor não a veja”.
Observemos, com o Papa, a interessante experiência dessa mulher: ela ia ao pastor e o respeitava, pois ele lhe falava de Deus, no entanto, as raízes da fé estavam conservadas escondidas num armário. Escondidas, mas, eram presentes e reais.
Essa história é importante para todos nós que em algum momento sentimos a falta de uma proximidade por parte da Igreja, dos nossos irmãos na fé: a Virgem Maria sempre está ao nosso lado, caminha conosco e nos conduz até seu filho, Jesus.
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