Ser cristão implica participar de um corpo que abrange e ultrapassa os limites do “eu” e de todo egoísmo. Para confirmar isso, basta um olhar atento ao conjunto de testemunhos que os evangelhos nos legaram.
Jesus desempenhou na Terra uma missão incumbida pelo Pai e realizada na potência do Espírito Santo. A própria revelação cristã nos indica que Deus, embora seja uno, não é sozinho: é comunidade de amor. Com isso, considerando que a Igreja é imagem da Trindade, entendemos que não é possível ser cristão sem aderir com fé a Cristo no âmbito de uma comunidade concreta.
Ademais, o próprio Jesus congregou ao redor de si uma comunidade, inicialmente caracterizada pelo grupo dos doze discípulos, mas, que alcançou círculos maiores à medida que a missão pública de Cristo se ampliava. O fato de Jesus ter estabelecido o novo povo de Deus a partir de sua comunidade também é indicativo de que nunca se concebeu um cristão, um seguidor de Jesus que não fosse ao mesmo tempo membro de uma comunidade de fé.
Essa reflexão é importante para nós, cristãos, em tempos de acentuado individualismo e carência de compromisso comunitário.
Não raras vezes, sentimo-nos incomodados por dificuldades em certos relacionamentos no âmbito de nossa comunidade de fé. Há muitas pessoas que, na comunidade, expressam a dificuldade em se relacionar com outros irmãos cristãos e, por conta disso, apregoam um cristianismo vivido na privacidade do lar.
O tipo de configuração cristã que aposta no indivíduo e negligencia o comunitário não pode se sustentar de acordo com as indicações bíblicas às quais nos referimos anteriormente. As diferenças, e mesmo as dificuldades, no âmbito na convivência comunitária devem ser abordadas como valores e oportunidades de crescimento.
Um fiel cristão de uma pastoral, grupo ou movimento que representa um desafio para você e sua caminhada de fé pode ser uma excelente oportunidade para o seu crescimento nas virtudes, em sua espiritualidade, enfim, pode ser a sua chance de maturidade humana e espiritual.
Na Eucaristia, ponto de excelência da vida cristã, todos tomamos parte num único corpo para sermos promotores da espiritualidade de comunhão, de modo que a nossa missão seja um grande testemunho para o mundo. “Espiritualidade de comunhão”, “tomar parte”, “missão que testemunha Jesus” são expressões importantes da caminhada da Igreja: comunhão, participação e missão.
Ser cristão é estar associado ao corpo de Cristo e, com Ele, nele e por Ele render graças ao Pai por tantos benefícios que nos concede em nossa caminhada comunitária. Dessa maneira seremos sinais luminosos e atrativos para quem considera que estar encerrado em si mesmo é a meta de felicidade. Para nós, o ser com os outros, o ser com Deus e a partir de Deus é o que nos realiza enquanto pessoas humanas e cristãos.
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