A Palavra de Deus quer nos recordar a grande verdade: tudo o que temos de bom vem unicamente de Deus; de nós, só vêm os pecados. Nosso Senhor não nos deu seus dons gratuitamente para que os guardemos para nós, como aquele servo que enterrou o único talento que lhe fora dado pelo seu senhor (cf. Mt 25,15.25).
Todos recebemos dons de Deus, cada um de nós com aptidões diferentes, a fim de que sirvamos aos irmãos que deles precisarem sem esperarmos recompensa. Essa é a atitude verdadeiramente humilde, pois humildade não é negar que temos talentos e escondê-los, muito menos negá-los para não termos trabalho, mas agradecermos a Deus por eles e ordenar-nos a pô-los a serviço da comunidade.
Nesse ponto, pode aparecer outro vício capaz de manchar a nossa disposição de serviço: a distinção de pessoas. Nossa falta de fé para vermos Nosso Senhor em todas e quaisquer pessoas que se aproximam de nós e que nos são enviadas pela providência divina nos pode levar a separá-las e a atendermos muito bem a quem se apresenta bem-vestido e com má vontade a quem nos parecer pobre e indigente, demonstrando que somos levados unicamente por seu aspecto externo.
Desse modo, será proveitoso refletirmos sobre a Palavra de Deus escrita pelo apóstolo São Tiago, em sua carta, acerca da verdadeira religião: “Suponde que entre na vossa reunião um homem com anel de ouro e ricos trajes, e entre também um pobre com trajes gastos; se atenderdes ao que está magnificamente trajado e lhe disserdes ‘Senta-te aqui, neste lugar de honra’, e disserdes ao pobre ‘Fica ali de pé’ ou ‘Senta-te aqui junto ao estrado de meus pés’, não é verdade que fazeis distinção entre vós, e que sois juízes de pensamentos iníquos?” (Tg 2,1-4).
Ao ler o santo Evangelho, talvez um pouco depressa, poderíamos concluir erradamente que o Mestre nos quis ensinar uma tática para conseguirmos chamar a atenção de todos, ocupando as últimas cadeiras para, em seguida, sermos convidados pelo dono da reunião a sentarmo-nos nos lugares de destaque (cf. Lc 14,1.7-14). Nada disso! Partamos da ideia central de nossa reflexão: servir aos irmãos com os talentos que Deus nos confiou. Quem serve ocupa os últimos lugares e não se pavoneia com distintivos e outros adereços para chamar a atenção dos outros sobre o serviço que presta gratuitamente e por amor. Nosso Senhor os santificou quando nos disse “Aquele que é fiel nas coisas pequenas será também fiel nas coisas grandes” (Lc 16,10).
Que neste mês de agosto possamos viver intensamente nossa fé, exercendo nossa vocação maior: amar a Deus e ao próximo incondicionalmente.
Configurar-se a Cristo com Maria; fortalecimento da fé, da confiança e do amor a Deus. Virgem Imaculada, concedei-nos celebrar e adorar com fé renovada e amor fervoroso o santo mistério do corpo e sangue de Cristo. Na vossa escola, ó mulher eucarística, ensinai-nos a fazer o memorial das obras maravilhosas que Deus não cessa de realizar no coração dos homens. Com solicitude materna, Virgem Maria, guiai sempre os nossos passos pelos caminhos do bem. Amém.
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