Daniel, que significa “aquele que é julgado por Deus”, “Deus assim julgou” ou “Deus (El) é meu juiz”, é um jovem judeu, proveniente de uma família nobre, que foi deportado para a corte do rei Nabucodonosor, onde ganhou prestígio e ocupou altos cargos públicos. Sua instrução foi dada pelos caldeus, permanecendo na Babilônia até o terceiro ano de Ciro, em 537 a.C. O judaísmo não o vê como profeta, mas, possui grande respeito por parte dos rabinos, que o consideram como membro ilustre depois da diáspora por ser um homem piedoso, generoso e fiel às leis mosaicas.
Com a morte de Nabucodonosor, ascendeu ao trono da Babilônia o rei Dario, que tinha o desejo de dar-lhe postos superiores no reino. Isso despertou a inveja e a cobiça de ministros e governadores das províncias, desencadeando um plano para matá-lo (cf. Dn 6,8). A atitude de Daniel diante dessa perseguição foi de oração e louvor a Deus (cf. Dn 6,11). O rei se viu forçado pelas chantagens a ceder e enviou Daniel à cova dos leões. No entanto, o rei teve um sonho em que ficou nítido que Daniel era inocente das acusações. Dario, então, mandou para a morte seus acusadores, juntamente com as famílias, restituindo o profeta ao seu cargo.
Aconteceram outros episódios de perseguição, mas, em todos eles Daniel se manteve fiel, testemunhando a vontade de Deus e destruindo os ídolos que se apresentavam.
A história de Daniel mostra a presença de Deus nas constantes batalhas da vida, amparando seus escolhidos e fortalecendo a confiança, sobretudo nos tempos difíceis e incompreendidos. O Deus de Daniel não se dobra à idolatria do mundo, é soberano e amigo da humanidade.
“A mensagem do Livro de Daniel pode ser resumida assim: quanto mais a vida é escura e incerta, tanto mais se deve esperar uma luz fulgurante. Chega-se a pensar que Deus manda as trevas para que brilhe mais fulgurante a luz, tanto mais forte quanto mais precedida de escuridão”, diz B. Marconcini em seu livro Daniel. A narrativa de Daniel é atual, pois nos ajuda a verificar as tramas que existem na sociedade e buscar soluções sob a ótica de Deus na sensibilidade da escuta do Altíssimo, que tem planos de vida para a humanidade. Orienta-nos a sair das manipulações e a colaborar com o progresso de forma madura e responsável por meio do discernimento e da sensatez. A esperança para vencer a perseguição deve nascer do presente com a ajuda de Deus.
A vocação do profeta é um dom especial que parte do mistério divino e se estende ao nosso tempo, levando o ser humano a descobrir seu potencial como parte da missão de Deus. É uma tomada de consciência do valor da existência e do testemunho que cada um deve dar para que Deus preencha o mundo com sabedoria e amor.
Que o profeta desperte em cada filho de Deus o desejo de confiar e integrar as dificuldades com otimismo, confiando sempre na providência divina que vem em auxílio dos nossos temores.
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