É difícil distinguir entre história e lenda quando se trata de personagens famosos que viveram na corte e foram elevados às honras dos altares pelo seu povo às vezes mais pelo amor pátrio do que pela santidade vivida, porém, no caso de São Casimiro não é assim. Apenas 36 anos depois da sua morte, um legado pontifício, Zacarias Ferreri, foi até os locais onde ele havia passado a vida e instaurou um processo regular de beatificação, interrogando pessoas que o tinham conhecido e escrevendo depois, ele mesmo, a biografia de Casimiro nas suas linhas essenciais.
Casimiro nasceu em Cracóvia, Polônia, aos 3 de outubro de 1458, filho de Casimiro IV, rei da Polônia e grão-duque da Lituânia, de onde sua família provinha, e de Isabel da Áustria. Foi o terceiro dos treze filhos do casal. Aos 13 anos de idade, por uma trama feita ela corte, recebeu a designação de rei da Hungria, mas os seus concidadãos tiveram de renunciar àquele plano depois de uma derrota militar. O ambiente familiar, profundamente religioso e moralmente sadio e o trabalho cuidadoso de seus mestres tinham-lhe aberto horizontes bem mais vastos do que as ambições por um trono. Uma influência muito benéfica teve sobre ele o cônego Jon Dlugosz, renomado historiador polonês e fino educador. Por seu testemunho, sabemos que Casimiro era dotado de uma inteligência fora do comum, demonstrada não só nos estudos, mas também no cumprimento dos difíceis serviços que lhe confiou seu pai.
Tinha grande devoção à Eucaristia e um amor especial a Nossa Senhora, à qual dirigia todos os dias a belíssima oração atribuída a São Bernardo (“Todos os dias eu dirigi-vos a Maria”), que os povos lituano e polonês acreditavam ter sido composta pelo próprio príncipe, tendo-a encontrado escrita de seu próprio punho em um pergaminho colocado debaixo de sua cabeça no sepulcro em Vilnius, na Lituânia.
Em 1481, as cortes da Polônia e da Alemanha enviaram uma proposta de Matrimônio entre Casimiro e uma filha do imperador Frederico III, mas, o príncipe não quis nem saber, pois tinha consagrado a sua vida a Deus, mesmo sem ter entrado em um mosteiro.
Na sua carreira política primeiro foi regente do reino da Polônia, enquanto o seu pai residia em Vilnius, e depois se tornou vice-chanceler da Lituânia.
No exercício de suas funções se distinguiu pelo cuidado com os pobres, que naquele tempo eram muitos e encontravam ajuda só nas obras de beneficência. Cuidou também para que nas suas terras da Polônia e da Lituânia não faltassem à Igreja bons pastores nas dioceses e nas paróquias. Adoecendo de tuberculose na Lituânia, morreu em Gradno, em 1484.
Poloneses e lituanos imediatamente o veneraram como santo, símbolo sagrado de sua fé e da independência política de seus países. Em 1520, o Concílio Lateranense V confirmou oficialmente a santidade heroica de Casimiro.
São Casimiro, vós que tivestes tudo para reinar soberanamente e usufruir do que desejásseis, preferistes o caminho da santidade. Quanto vos louvo por essa vossa escolha cheia de sabedoria ante a efemeridade desta vida. Dai aos nossos jovens do mundo inteiro, por vossa intercessão junto a Jesus Cristo e à Santa Mãe dos Céus, o despertar das mais santas vocações sacerdotais. Por Cristo, Nosso Senhor. Amém.
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