Sabemos pouquíssimo sobre Naum (forma abreviada de Naumias), que significa “Javé conforta”. Não temos relato de seu nascimento e nem quem foram seus pais. A Sagrada Escritura lhe atribui um livro com apenas três capítulos. Ele é o sétimo dos profetas menores, provavelmente nascido em Elcós (cidade de Judá cuja localização é inexistente). Seu ministério aconteceu em Nínive, capital da Assíria, entre os anos 663-612 a.C. Essa cidade já fora palco para o profeta Jonas um século antes quando anunciou a conversão, senão ela seria destruída; no entanto, Nínive continuou sendo mercantilista sanguinária, corrupta, idólatra, violenta, vivia de mentiras, promovia a prostituição, mortes e roubos. Foi conquistada pela Babilônia e teve sua queda sem piedade.
Naum surge nesse contexto para alertar novamente o povo sobre a desolação e a perdição que a cidade vivia. Começa seu livro dizendo: “O Senhor é um Deus zeloso e vingador, o Senhor é um vingador irascível; o Senhor toma vingança de seus adversários e trata com rigor os seus inimigos. O Senhor é paciente e grande em poder, não deixa impune o culpado” (Na 1,2-3). Ele segue a mesma linha dos profetas que mostra Deus como soberano, justo, criador de tudo, que se comunica por meio de sinais presentes na natureza revelando seu poder e força.
Seu testemunho de amor a Deus descortina-se nos enfrentamentos com as autoridades e o povo de Nínive. Denuncia a cidade como arrogante e cheia de pecados, muito confiante em si mesma, mas que será destruída apesar de suas seguras construções e fortificações. Sua fragilidade está na corrupção de seus poderes e na devassidão dos habitantes que abandonaram o Senhor e se refugiaram no prazer causado pela manipulação dos soberanos.
O profeta Naum foi um zeloso servidor de Deus e nas suas pregações mostrou aos povos que suas atitudes envergonhavam o nome do Altíssimo. Exortava o povo a adorá-lo com humildade e temor, discernindo entre o que agrada e o que entristece o coração do Senhor. No arrependimento dos pecados e na volta para uma vida reta, Deus vai reconstruindo os caminhos com sua justiça e proteção. É um chamado à conversão, ao arrependimento sincero que traz paz e alegria à alma para que o povo viva com gratidão e fé.
Enquanto Jonas deu ênfase ao amor de Deus em sua pregação aos ninivitas, Naum chama a atenção para a justiça divina e coloca a responsabilidade pelas decisões morais e espirituais nas mãos de cada geração que se recusa a seguir os mandamentos de Deus.
É um profeta que nos alerta para o zelo com a espiritualidade e a centralidade da pessoa, criada para ser filho de Deus e glorificá-lo. Quando se mancha a dignidade e a identidade sagrada se macula, então se abrem as portas à escravidão e à manipulação dos poderosos. A degradação do povo e o anúncio do consolo de Deus é a luta diária de quem ama a vocação e se entrega ao serviço missionário da fé sem retroceder na profecia.
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