Sofonias, cujo nome significa “o Senhor o escondeu ou o Javé protege”, é o nono dos profetas menores. Sabemos pouco sobre sua vida pessoal: era filho de Cusi, que significa “etíope”, isto é, negro, portanto, filho de estrangeiros. Exerceu seu ministério profético em um momento em que Judá atravessava uma disputa pelas grandes potências da época (640-609 a.C.), durante a menoridade de Josias e antes de sua reforma religiosa e do ministério de Jeremias.
Basicamente, ele tinha três preocupações descritas em seu livro: o dia de Javé, oráculos contra os opressores e a defesa e esperança para os pobres. Sua teologia dá ênfase ao “dia do Senhor”, que aparece dezoito vezes em seu livro. Não se trata do fim do mundo, mas da mudança de vida do povo e do abandono das idolatrias e das superstições que eram muito fortes naquele contexto. Ele criticava não só os ídolos personificados, mas atribuía a idolatria aos impérios da época, que oprimiam e perseguiam o povo em nome de seus interesses de poder. Essa realidade podia ser vivenciada tanto nas grandes cidades, como Jerusalém, quanto nos bairros e nas aldeias. A intervenção divina fará um novo êxodo na história e julgará aqueles que exploram e maltratam o povo.
A solução para acabar com esse poder autoritário, segundo Sofonias, é depositar a confiança em Deus. Os pobres e os humildes são os únicos que poderão constituir um povo liberto e refazer o projeto de Deus para que o dia de Javé se torne pleno de alegria e paz. São os portadores da esperança, pois estão abertos à ação de Deus.
Sofonias denuncia essa cultura que marginaliza, fere e destrói a dignidade humana, realidade que está presente atualmente e clama por justiça e liberdade. Seu chamado ressignifica as vozes dos que vieram antes dele e são sinais de fé no Deus providente.
A beleza dos profetas é a entrega à causa da vida. Tinham a certeza de que estavam do lado certo, o de Deus, quando não compactuavam com a desigualdade e todas as formas de martirizar o povo. Levantavam-se a favor do amor. Morreram pregando a verdade absoluta que é Deus. Pelo Batismo somos profetas ungidos e lutadores. Nossa causa é fazer a vontade de Deus e defender a humanidade dos oportunistas e falsos profetas que não temem o Senhor e fabricam seus ídolos para consumir nossa sede de paz.
Como Sofonias, nossa vocação é proclamar que o dia do Senhor é o dia da humanidade refeita pela graça, sem mancha e pronta para continuar a história da salvação com a força do Espírito.
A soberania de Deus, defendida pelo profeta, torna-nos agentes corresponsáveis pela santificação e defesa do povo, rompe com os esquemas mundanos que ignoram o sagrado e a beleza das criaturas.
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