“Eis que conceberás e darás à
luz um Filho, e lhe darás
o nome de Jesus.”
(Lc 1,31)
“Vocação” significa chamado, mas não é qualquer chamado. Quando fazemos uma escolha profissional, não chamamos a isso de vocação, mas, simplesmente uma escolha entre tantas. Sem dúvida, escolha profissional é um fator de realização pessoal, tanto é que uma profissão acertada, em sintonia com as habilidades e dons pessoais, é uma garantia de excelência no desempenho dela.
Sempre que falamos em vocação, entendemos um chamado no plano da fé. Dizemos que é Deus quem chama. Nós respondemos ou não ao chamado. Uma coisa é certa: vocação acertada, futuro feliz! Muitas vezes, a resposta vocacional comporta um verdadeiro salto no escuro, pela ausência de evidências sensíveis na hora de dar a resposta, pelos desafios que ela comporta, pelo perigo de não ser compreendido e pela necessidade de se doar integralmente, com todas as forças e energias da vida.
De todas as pessoas que ouviram e atenderam ao chamado divino, como os inúmeros personagens bíblicos, do Antigo ao Novo Testamento, além de todos os vocacionados importantes ao longo da história, de todos eles a vocacionada que mais nos encanta e estimula é Maria de Nazaré.
Uma jovem, ou melhor, uma adolescente recebe de um anjo a proposta de ser mãe, proposta que ela teria um milhão de motivos para recusar: como confiar em um anjo, sua tenra idade, a falta de recursos, por não estar ainda casada, apenas noiva, o perigo diante da rigidez das leis da época: ela poderia ser apedrejada por uma gravidez fora do casamento, sem contar o tanto que os vizinhos iriam comentar o fato numa sociedade onde todos se conheciam. Humanamente, Maria via diante de si a possibilidade de uma desmoralização sem limites, porém, ela não se deixou abalar.
A jovem Maria surpreende por sua resposta, pela sua maturidade e pela forma como ela se coloca numa dimensão que ultrapassa toda e qualquer razão humana. Maria situa-se numa dimensão de fé impressionante. Parece que ela já vive, diariamente, essa dimensão de fé, como se convivesse com anjos. O texto diz que ela fica perturbada, mas, em momento algum apavorada ou assustada a ponto de perder o bom uso da razão. Ao contrário, ela, consciente, dialoga com o anjo. Se é verdadeira a proposta do além e verdadeiro o chamado sobrenatural, Maria delega a responsabilidade a Deus ao dizer “Eis aqui a serva [escrava] do Senhor, faça-se em mim segundo a tua Palavra” (Lc 1,38); portanto, a responsabilidade é de Deus em cumprir o prometido e em superar todas os inúmeros desafios que iriam aparecer em consequência da decisão.
Por tudo isso, Maria é modelo de quem responde positivamente à proposta de Deus, modelo de resposta à vocação, que envolve fé, coragem, confiança e superação. Quando nos encontramos diante de dificuldades que parecem insuperáveis, olhemos para a jovem Maria para que também nós tenhamos a coragem de dizer “Senhor, estou à tua disposição, faça-se em mim o que for melhor para cumprir a missão que tu me confiaste. Mesmo que humanamente não veja possibilidades, sei que para ti o impossível não existe, por isso, em ti confio plenamente. Amém!”.
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