“O que é que vou lhes dizer?” – “De qualquer modo, isto não interessa, eles não se mexem: são como estátuas!”
Se você pensa assim, o problema está em você e não neles. Não se engane!
Eles vem de um dia de trabalho; tem um ou muitos filhos; problemas conjugais, familiares, escolares, sociais; perguntas e dificuldades que precisam desabafar; eles talvez vivam em casamento misto, quiçá casados pela segunda vez: tem uma “visão” urbana ou rural, operária ou burguesa; tem uma imagem de Deus e da Igreja, às vezes, como mau exemplo. Não importa quem sejam os pais. Você não está lidando com “perdidos”, mas com “salvos”. Veja como você pode provocar neles um gosto antecipado pela reunião:
1o. A reunião deve começar com um convite:
“Queridos pais, vocês são os primeiros responsáveis pela educação religiosa de seus filhos, como disse o Concílio Vaticano II. Portanto…” Ou então
“É uma alegria para mim, queridos pais, saber que em breve conversaremos sobre o que está acontecendo no coração de seus filhos…”
Para um determinado número de pais, este convite escrito é o primeiro contato que eles tem com você, com a comunidade cristã. O contato, através do papel, talvez seja decisivo. Eles virão ou não, num determinado estado de espírito, segundo o que tiverem lido e visto no convite.
2o. Antes da reunião, para colocar-se na essência do ministério, reze:
“Senhor, eu me sinto tão pequena diante de ti e diante daqueles que me esperam esta noite: encontrar homens, mulheres que conheço tão pouco, mas que você conhece tão bem! O que Você lhes diria?
– Encontre um meio de fazer com que acreditem que eu os amo. Sem palavras, com seu sorriso, suas tristezas. É sempre parecido: é preciso que eles se reconheçam no que você diz!
Me ajude Senhor no desenvolvimento da reunião!”.
3o. Eles chegam. Você lhes escreveu: com alegria.
Mostre-lhes que isto é verdade pelo acolhimento que você lhes dá. E deixe que se acolham mutuamente, sobretudo se você já os conhece. A disposição das cadeiras deve ser feita de modo a favorecer a comunicação.
4o. O mais importante é que eles façam a experiência de estar reunidos e que sua vida real seja levada em conta!
Eles tem dentro de si uma fonte de vida e dedicação para com seus filhos muito maior do que você possa imaginar. E isto, apesar de às vezes, não amarem os filhos da melhor forma. Você sabe como deve ser, principalmente se você mesmo for pai ou mãe, cada um tem seu jeito de amar e demonstrar. Tente juntar-se a eles no caminho de sua história. Transmita as questões ao grupo para descobrir seus aliados e moderar as relações que se esboçam entre os pais. Sua reunião, na verdade, não pode reduzir-se a discutir com um casal: dessa forma, os demais ficariam de fora. Em uma palavra: Abordá-los de tal forma que eles possam se reconhecer no que você diz e se reencontrar no que você propõe. Isto é aprendizagem? – Sim. Mas é, antes de tudo, um modo de ser e de agir, que se traduz por uma aproximação, uma linguagem, uma presença!
5o. Fraternal? – é preciso dizê-lo? – não, apenas sê-lo! Porque é verdade: “vocês são todos irmãos”.
Isto envolve uma verificação no momento da preparação do encontro: sobre o que digo, o que faço, o que proponho e que lugar ocupo no relacionamento. Quem encontra quem? Que tipo de relacionamento se estabeleceu? Qual é a experiência de relação ou rejeição? A quem os objetos, os acontecimentos, colocam em comunicação? Se você puder anunciar no fim da reunião: “Vocês observaram? Falamos do homem durante toda a noite: o homem que se relaciona com os outros, se arrisca, procura um lugar entre os outros, se abre ou se machuca por causa dos outros. Isto é a nossa vida, de todos os dias! E nossas crianças caminham no meio de tudo isso! Vocês pais, já viram isto com eles! De onde vem este sentimento que os leva a estarem prontos para tudo, pelos filhos?… aí tocamos no grande projeto de Deus”!
6o. Nem por um momento os pais devem achar que estão na escola.
Pelo contrário, você, com eles, coloque-se “na escola” do Mestre, humilde e filialmente. Que sua atitude sugira a presença de um Outro. Tenha também uma linguagem que os ponha em relação com aquele que os pais talvez conheçam ou procuram!
Talvez menos assim:
“Não sou eu quem o digo; é Deus.”
Do que desta maneira:
“Tenho certeza de que isto lhes acontece – como a mim – de a gente sentir-se renovado por causa de um olhar, de uma palavra, de um encontro… é como se saíssemos de nossa concha, como se fosse uma libertação. Observe: nesses momentos, mesmo se não temos fé, pensamos em Deus.”
7o. Sabemos que não se deve tocar uma ferida com uma faca.
Os pais tem antenas, e você deve tocá-las. E podemos afirmar que eles se sentarão à mesa, se descobrirem que você lhes tomou a defesa.
8o. Todos se lastimam por toda parte.
Mas eles não vieram para ouvir lamentações e sim para conhecer a pessoa a quem confia seus filhos. Seu papel é mais importante do que parece… você encarna um primeiro passo de esperança para os pais!
9o. A preocupação de ser brilhante, que fascina a todos, é uma armadilha a ser contornada.
São os pais que devem brilhar, sem lisonjas nem concessões. O acordo entre eles, entre eles e você já é, de início, a experiência da Igreja. Reconheça o lugar deles como sendo aquele o qual você tem necessidade para manter o seu. A preparação, a elaboração conjunta do programa, do percurso, dos objetivos, estimulará sua participação. Decidir juntos sobre o que contribui para a educação dos filhos é o melhor meio de mobilizar a responsabilidade dos pais.
10o. Finalmente, no cálice da amizade onde acabam de “celebrar” seu encontro, termine cedo!
Não só por causa do cansaço, mas porque você não pode resolver, em uma noite, o desafio da educação da fé das suas crianças:
– Ou as coisas não correram bem e eles tiveram prejuízo com o encontro;
– Ou eles viram que é importante e estão prontos pra vir de novo.
Dê-lhes a palavra, para que eles mesmos lhe proponham o próximo encontro!
Tu semearás: eles farão a colheita!
– Os dez mandamentoss do catequista na reunião:
1.VOCÊ OS CONVIDARÁ: eles se sentirão chamados.
2.VOCÊ REZARÁ POR SEU ENCONTRO: eles farão a sua oferta.
3.VOCÊ OS ACOLHERÁ: eles se sentirão em casa.
4.VOCÊ OS REUNIRÁ: eles lhe oferecerão sua vida.
5.VOCÊ SERÁ IRMÃO: eles descobrirão seu Pai.
6.VOCÊ NÃO “SABERÁ”: eles ficarão felizes em pesquisar com você.
7.VOCÊ NÃO OS PROVOCARÁ: eles lhe contarão seus sofrimentos.
8.VOCÊ NÃO SE LASTIMARÁ: eles o convidarão.
9.VOCÊ NÃO BRILHARÁ: eles serão seus parceiros.
10.VOCÊ NÃO PROLONGARÁ A REUNIÃO POR MUITO TEMPO: eles desejarão mais.
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