Uma família da cidade de Itapira (SP) esteve no Santuário de Nossa Senhora Aparecida e do Beato Donizetti, em Tambaú (SP), onde exerço meu ministério presbiteral, para testemunhar uma grande graça alcançada pela filha do casal, Liz Sarah. No dia 24 de outubro de 2019, brincando em sua casa, a menina engoliu, acidentalmente, um brinco. Levada ao hospital foi logo atendida e fez os exames, os quais mostraram o objeto dentro do seu corpo, sendo necessária uma cirurgia delicada para que fosse retirado. Contudo, antes de aceitar esse procedimento na filha, os pais, Joel e Patrícia, vieram buscar, por meio da fé, a graça de ver o brinco sair do corpo de Liz naturalmente, sem passar por intervenção cirúrgica. Aconteceu, então, algo importante para nossa reflexão: tiveram que ter muita paciência, perseverança e confiança em Deus para que tudo desse certo.
Depois de 717 dias, em 12 de setembro de 2021, a bênção foi derramada e a pequena Liz Sarah expeliu o brinco que havia engolido. Quanto tempo, meu Deus, de espera! Quanto tempo, meu Deus, de luta! E a vitória foi conquistada.
Numa sociedade acelerada, dos stories, em que tudo evapora em 24 horas ou em um segundo, como anda nossa paciência? Temos uma fé capaz de esperar em Deus tanto tempo? O Catecismo da Igreja Católica nos ensina que “Crer em Deus, o Único, e amá-lo com todo o nosso ser, tem consequências imensas para toda a nossa vida: significa conhecer a grandeza e a majestade de Deus: ‘Deus é grande demais para que o possamos conhecer’ (Jó 36,26)”. É por isso que Deus deve ser o primeiro a ser servido; significa viver em ação de graças: se Deus é o Único, tudo o que somos e tudo o que possuímos vem dele: ‘Que é que possuis, que não tenhas recebido?’ (1Cor 4,7). ‘Como retribuirei ao Senhor todo o bem que me fez?’ (Sl 116,12) significa conhecer a unidade e a verdadeira dignidade de todos os homens: ‘Todos eles são feitos à imagem e semelhança de Deus’ (Gn 1,27); significa usar corretamente das coisas criadas: a fé no Deus Único nos leva a usar de tudo o que não é Ele na medida em que isso nos aproxima dele e a desapegar-nos das coisas na medida em que nos desviam dele’; significa confiar em Deus em qualquer circunstância, mesmo na adversidade. Uma oração de Santa Teresa de Jesus, exprime-o de maneira admirável: ‘Nada te perturbe, nada te assuste. Tudo passa, Deus não muda. A paciência tudo alcança. Quem a Deus tem, nada lhe falta. Só Deus basta’” (222-227).
Quase sempre queremos as coisas “para ontem”, mas mil anos para Deus são como um dia que passa. A perseverança diante dos obstáculos é a marca de um coração fiel e comprometido com Deus. Ele não quer dar para nós somente coisas materiais ou tão somente curas e milagres; quer nos dar seu amor, ou melhor, doar-se inteiramente a nós, pois Ele é amor. Em Jesus Cristo, seu Filho, oferece-nos a salvação eterna.
Os pais da menina Liz Sarah aprenderam na escola da vida que a espera demorada produz frutos saborosos. Poderiam ter desistido um dia, um mês ou um ano depois que a filha engolira o brinco, afinal, Deus não tinha escutado o pedido que fizeram ou não queria lhes dar aquela graça? No entanto, compreendiam que para tudo na vida existe o momento oportuno. E esse dia chegou depois de centenas de dias.
Neste mês em que celebramos a Padroeira do Brasil e rezamos pelas missões, peçamos que ela, como nossa mãe, possa derramar do Céu muitas bênçãos sobre nós, especialmente a paciência e o aconchego do seu colo.
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