O nosso corpo é formado por um conjunto de órgãos e tecidos, porém, muitas vezes, esquecemo-nos de que somos dotados também de alma e espírito. Para um bom funcionamento do nosso organismo físico, assim como para nossa saúde espiritual, é necessário que aconteça o equilíbrio entre essas partes. Elas precisam se comunicar de forma saudável e equilibrada.
O primeiro ponto importante para refletirmos é como um corpo mal nutrido pode corresponder também a uma alma que não é nutrida por Deus.
Estar bem nutrido é dar as doses certas de nutrientes em quantidade e qualidade para o corpo. E não basta dar apenas proteínas ou só vitaminas, porque as carências alimentares vão aparecer e, junto com elas, consequentemente, as doenças.
Na nossa vida espiritual, se não nos alimentarmos pela oração, se não soubermos buscar o “alimento” certo e em quantidade certa, seremos desnutridos espiritualmente e ficaremos com a alma doente.
Na Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Jesus, neste ano, o Papa Francisco nos falou, em sua homilia, sobre o verdadeiro alimento que sacia a alma: “Se olharmos ao nosso redor, daremos conta de que existem tantas ofertas de alimento que não vêm do Senhor, mas, aparentemente, satisfazem mais. Alguns se nutrem de dinheiro, outros de sucesso e vaidade; há ainda os que se alimentam de poder e orgulho. No entanto, a comida que nos alimenta verdadeiramente e que nos sacia é somente aquela que nos dá o Senhor! O alimento que Ele nos oferece é diferente dos outros, e talvez não nos pareça saboroso como certas iguarias que nos oferece o mundo.”
Outro ponto importante que podemos refletir é que para cumprirmos bem nosso trabalho e missão, é necessário ter o vigor e o ânimo que os alimentos nos trazem. Vemos isso na Palavra de Deus quando Elias, fugindo, sentiu-se desfalecer de fraqueza; então, o anjo o chamou e alimentou, enviando-o novamente para a missão.
“E o anjo do Senhor tornou uma segunda vez, tocou-o e disse: ‘Levanta-te e come, porque te será muito longo o caminho’. Levantou-se, pois, e comeu e bebeu; e com a força daquela comida caminhou quarenta dias e quarenta noites até Horebe, o monte de Deus” (1 Reis 19,7-8).
Vale lembrar que a privação de determinados alimentos parcial ou completa, como uma forma de se relacionar com Deus – prática do jejum –, não pode ser entendida apenas como uma via natural e explicável, pois aí temos toda uma mística, uma ação sobrenatural de Deus no corpo do homem.
Vemos na história de vários santos que muitos se alimentavam apenas com a Eucaristia, e ela os sustentava de forma completa, no que diz respeito também ao seu sustento físico. Santa Catarina de Sena, por exemplo, desde a idade de 20 anos, só se alimentava com a Sagrada Eucaristia. Dessa forma, podemos perceber verdadeiramente que os mistérios de Deus na vida do homem vão muito mais além do que aquilo que podemos explicar de forma fisiológica. Por isso, podemos dizer que a alimentação e a oração caminham juntos: alimentos do corpo e alimentos da alma. Nós rezamos também com o nosso corpo!
Cristiane Zandim,
Canção Nova
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