Dando continuidade à série de meditações a respeito da Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, apresentamos neste artigo uma breve reflexão sobre seu terceiro capítulo, que trata do anúncio explícito do Evangelho.
O Papa Francisco reconhece que é necessário haver um anúncio explícito de Jesus Cristo como Senhor em qualquer empreendimento evangelizador. Os artífices desse anúncio são todas as pessoas que o receberam e aderiram a Cristo, isto é, todo o povo de Deus. Esse povo tem muitos rostos, de modo que se faz necessário um processo de inculturação para que o Evangelho alcance todas as pessoas em suas respectivas culturas. Tal diversidade é um dom e nunca deve ser considerada como um obstáculo para a ação evangelizadora.
O povo de Deus é capacitado a evangelizar porque é ungido pelo Espírito e essa unção o torna, segundo o Papa, “infalível in credendo” (Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, 119), pois a totalidade dos fiéis possui o dom do sentido sobrenatural da fé, o sensus fidei. De modo especial é possível sentir a força evangelizadora do povo por meio das mais variadas expressões de piedade popular. Também essa é uma importante forma de evangelização na qual o próprio Espírito Santo protagoniza a comunicação da Palavra de Deus por meio de gestos, símbolos, cânticos etc.
O Papa ainda acena para uma realidade importante da evangelização realizada pelo povo de Deus: o caráter pessoal, ou melhor, interpessoal, que se configura a partir de realidades corriqueiras como visitas a famílias, conversas informais, dentre outras coisas. Evangelizar “de pessoa a pessoa” (Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, 127) é um belíssimo caminho para testemunhar Jesus e demonstrar a beleza da fé cristã. Esse testemunho deve sempre ser acompanhado de alegria e amabilidade.
Para evangelizar na informalidade de uma conversa, em um encontro na praça, no trabalho ou em outro contexto é preciso em primeiro lugar estabelecer um diálogo. Abrir-se ao outro é importante para gerar empatia e mostrar preocupação com a vida do interlocutor: saber ouvir, acolher as angústias e anseios do outro é o primeiro passo da evangelização informal.
Após a abertura dialógica é possível apresentar a Palavra de Deus em uma atitude humilde e testemunhal, permitindo que o próprio Deus ilumine a vida partilhada no diálogo com a força de sua Palavra. É precisamente assim, considerando o outro, que o Evangelho pode propagar-se como força transformadora dos corações. Pessoa a pessoa, o nosso testemunho explícito de Jesus pode tornar o Senhor cada vez mais conhecido e amado.
Por conta da riqueza deste capítulo, no próximo mês ainda nos deteremos nele, abordando suas outras partes, a saber: a homilia, a preparação da pregação e uma evangelização para o aprofundamento do querigma. Até lá!
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