É interessante falar sobre essa questão, pois há muitos séculos a Igreja utiliza a representação icônica dos evangelistas e acredito que muitos têm curiosidade em saber sua origem e o significado dessas figuras.
No Livro do Apocalipse, identificamos um texto que nos apresenta esses quatro seres: “O primeiro animal vivo assemelhava-se a um leão; o segundo, a um touro; o terceiro tinha um rosto como o de um homem; e o quarto era semelhante a uma águia em pleno voo” (Ap 4,7).
A partir desse texto, nos primeiros séculos da Igreja alguns santos fizeram a analogia desses animais com os evangelistas; entre eles estão Santo Irineu de Lyon, Santo Agostinho e São Jerônimo. Dessa maneira, a associação foi feita do seguinte modo: Mateus é simbolizado por um homem; Marcos, por um leão; Lucas, por um touro; e João, por uma águia.
A justificativa dessa simbologia se dá do seguinte modo: São Mateus é simbolizado pelo homem porque ele inicia seu Evangelho com a geração humana, apresentando a genealogia de Jesus. São Marcos é simbolizado pelo leão porque inicia com o clamor do deserto, falando sobre João Batista, a voz que clama no deserto. São Lucas é simbolizado pelo touro porque começa falando da função sacerdotal de Zacarias, que tinha a tarefa de oferecer sacrifícios no templo de Jerusalém. São João é simbolizado pela águia porque começa com a divindade do Verbo, dizendo “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus, e o Verbo era Deus” (Jo 1,1-5), ou seja, ele começa seu Evangelho falando da divindade de Jesus, que é representada pela águia, a ave que voa mais alto e faz seu ninho nos montes mais elevados, mas também vem do alto até nós, o que podemos comparar com a humanidade de Jesus, pois o “Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos sua glória” (Jo 1,14).
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