Esdras, cujo significado em hebraico é “auxiliador, ajuda”, era proveniente de uma família sacerdotal e sua formação foi toda versada na lei (cf. Esd 7,12). Ele era oficial da corte persa, membro da comunidade judaica da Babilônia que retornou a Jerusalém no sétimo ano do rei Artaxerxes I. O próprio rei o enviou com uma cópia da lei de Moisés decretando uma reforma nas questões religiosas no ano 428 a.C.
Quando se celebrava a Festa dos Tabernáculos, a lei era lida para o povo, que a assimilou por meio de jejuns e confissões de seus pecados. Essa reforma não era tanto litúrgica e cultural, mas sobre a questão dos casamentos mistos entre israelitas e mulheres estrangeiras. Não sabemos ao certo se essas normas foram implementadas, mas, houve separação do povo e isolamento.
Esdras surgiu para garantir a estabilidade política adquirida por Neemias. Por intermédio dele e de Neemias nasceu o judaísmo, a teocracia. Embora os judeus politicamente estivessem submissos aos persas foi lhes dado o direito de viver de acordo com a lei de Deus expressa na Torá. Os principais problemas enfrentados pelo povo exilado eram a luta para restaurar o templo, o desejo de uma reforma espiritual e a renovação da comunhão com Deus.
O Livro de Esdras narra sua missão como restaurador da fidelidade do povo a Deus, revelando que Ele cumpre suas promessas. A volta do povo a Israel precisava de novos caminhos que assegurassem a aliança e, nesse sentido, Esdras preparou seu coração para fazer a vontade de Deus levando formação e informação ao povo. Solidificou seu coração no propósito de resgatar a vida daquelas pessoas a Deus. Ensinou a Palavra de Deus com a prática da fé.
A vocação de Esdras é significativa para nossos tempos, pois Deus, na sua mansidão, escolhe seus mensageiros para guiar e admoestar o povo nos sagrados mistérios, despertando-o para o compromisso da verdade. Esses sinais dos tempos revelam que o Senhor está atento ao comportamento da humanidade e faz de tudo para que não se desvie. Em tempos de esfriamento espiritual, sempre haverá alguém que ecoará a voz de Deus, reconduzindo os perdidos ao sonho da santidade.
Podemos afirmar que Esdras, dotado da graça de Deus, tendo a mão do Senhor sobre ele (cf. Esd 7,6), percorreu a estrada do amor no cumprimento da lei de Moisés, ensinando o povo a seguir o único e verdadeiro Deus, compassivo e generoso que zela pelo rebanho e lhe dá no tempo certo a colheita dos frutos da bênção.
Administrar as coisas do alto é um dom oferecido aos que se dedicam a Deus e às suas causas. Esdras aponta a direção na disposição em servir sem esperar recompensas. Sigamos seu exemplo e renovemos nossa aliança com Deus!
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