É o seio familiar o lugar onde as pessoas aprendem os primeiros valores que formarão personalidade, caráter e o viver em sociedade.
A família é verdadeiramente o alicerce da humanidade, é a sua pedra angular. O futuro da sociedade e da Igreja passa por ela. São João Paulo II chamava a família de “santuário da vida”, sendo que “santuário” significa “lugar sagrado”. É nesse ambiente que a vida humana surge como de uma nascente sagrada, sendo cuidadosamente cultivada e formada. A família tem como missão sagrada guardar, revelar e comunicar ao mundo o amor e a vida.
De acordo com o Catecismo da Igreja Católica (2207), a família é uma comunidade essencial para a assimilação de valores morais, sendo um espaço onde se aprende a honrar a Deus e a exercer a liberdade de maneira correta. A vida em família é, portanto, uma etapa fundamental na preparação para a vida em sociedade.
Nesta reportagem, vamos abordar a importância da família como um santuário de amor e fé, destacando as maneiras pelas quais os membros podem fortalecer seus vínculos e viver vidas cristãs autênticas em meio aos desafios da vida moderna.
A família desempenha um papel fundamental na vida de cada indivíduo, sendo o alicerce para o desenvolvimento emocional, espiritual e social. É nesse ambiente que os valores cristãos podem ser transmitidos e cultivados, proporcionando uma base sólida para enfrentar as adversidades que a sociedade contemporânea apresenta.
OS PAIS SÃO OS PRIMEIROS EDUCADORES DA FÉ
É na família que se exerce de modo privilegiado o sacerdócio batismal do pai de família, da mãe, dos filhos, de todos os membros que a compõem. O lar é, assim, a primeira escola de vida cristã e uma escola de enriquecimento humano. São os pais os primeiros educadores da fé na vida de uma criança. O modo como os pais vivem a caridade, a compaixão, a paciência e o perdão em suas vidas diárias também é elemento que molda a percepção dos filhos sobre a mensagem do Evangelho.
Elis Tarouco e seu esposo Rodrigo Gonçalves são coordenadores da Pastoral Familiar da Arquidiocese de Porto Alegre (RS) e também já atuaram como coordenadores do grupo de agentes de comunicação da Pastoral Familiar Nacional. Eles falaram à reportagem sobre o papel da família como célula fundamental da sociedade.
“Já nos dizia São João Paulo II que ‘A família é a base da sociedade e o lugar onde as pessoas aprendem pela primeira vez os valores que os guiarão durante toda a vida’, ou seja, a família é uma instituição insubstituível, é plano de Deus, afinal Ele enviou seu filho ao mundo em uma família”, comentou a esposa.
Na opinião do casal coordenador é na difusão dos valores cristãos que a família contribui para a construção de uma sociedade mais justa e fraterna, ensinando seus membros sobre a compaixão, a fraternidade, o desprendimento e o amor verdadeiro que nos levam a ir além de nós mesmos e de nossas necessidades para enxergar o outro em suas fraquezas e debilidades.
Pais de Davidt Tarouco, de 20 anos, o casal concorda com a afirmação “os pais são os primeiros educadores da fé na vida de uma criança” e são unânimes na afirmação “É tarefa dos pais ensinar seus filhos sendo os primeiros catequistas, mostrando por meio de seu exemplo de vivência cristã o que significa o mandamento de ‘Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo’. São os pais que ajudam os filhos a descobrir e a acolher a sua vocação e a abraçar a fé”.
É preciso que os pais se apropriem dessa tarefa de serem o elo que liga os filhos à fé católica, afinal, nossa fé vem do ouvir, é o testemunho que nos leva a Deus. “A família é o primeiro lugar onde se aprende a amar e a perdoar”, enfatizou Elis.
OS DESAFIOS DE EDUCAR NA MODERNIDADE
São diversos os desafios que as famílias enfrentam na atualidade para educar os filhos na fé cristã: o ritmo acelerado de vida, o individualismo, as influências culturais contrárias aos valores católicos, entre outros.
Em entrevista à reportagem da Revista Ave Maria, Solange Gregory Schila e Alisson Roberto Schila, casados há vinte anos e pais de Caroline, 18 anos, Vinicius, 12 anos, e Gabriela, 7 anos, falaram sobre as influências que esses desafios têm sobre as famílias atualmente. Eles atualmente são o casal coordenador nacional da Pastoral Familiar, da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
“Os impactos dessa ‘modernidade’ podem ser desastrosos quando não assumimos nossos papéis de educadores tanto das boas maneiras, dos valores, quanto da fé. Nossos filhos, assim como nós, pais, são superexpostos, hiperconectados, e isso nos dá a sensação de não ‘sobrar’ tempo para cultivar os verdadeiros afetos, prestar atenção às pessoas ao nosso redor, por exemplo, os mais idosos, os nossos vovôs e vovós, com muito a nos ensinar, por exemplo, as orações e devoções que são muitas vezes trocadas por filmes e tempo sem fim em frente às telas”, comentou a esposa.
Na opinião do casal, que reside em Dourados (MS), tanto para os filhos quanto na própria vivência conjugal “É preciso que façamos a entrega da nossa melhor parte e jamais o tempo que apenas sobrar. Muitos pais, ao quererem dar o melhor aos filhos, perdem-se na essência do ser e também na ligação com o sagrado”.
Membros atuantes da Pastoral Familiar Nacional, eles enfatizam que esse trabalho pastoral pode apoiar os pais na criação dos seus filhos e na vivência da fé. “Acreditamos que sejam necessários verdadeiros ‘itinerários de fé, graduais e contínuos, seguindo a inspiração catecumenal’, em que a Pastoral Familiar, de maneira humilde, guiada pelo Espírito Santo e aberta à comunhão, possa apresentar didaticamente alguns passos que contribuam na caminhada vocacional e na vivência familiar; por esse motivo, as propostas de ação pastoral têm o intuito de traçar uma linha de continuidade no acompanhamento das etapas de desenvolvimento do cristão no seio da família, gerando vínculo permanente durante seu crescimento enquanto pessoa”, comentou o casal Schila.
A oração em família, principalmente orientada pela Palavra de Deus, é o caminho mais presente nas famílias para formar verdadeiros lares cristãos, “Portanto, as famílias são convidadas a descobrir o grande tesouro de ensinamentos contidos na Palavra, que podem nortear e alimentar a caminhada de fé em família”, encerrou Solange Schila.
FAMÍLIA, FONTE DE VOCAÇÕES
A Comissão Nacional da Pastoral Familiar (CNPF) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil escolheu o tema “Família, fonte de vocações” e o lema “Corações ardentes, pés a caminho” (Lc 24,32-33) para a Semana Nacional da Família 2023, que acontece de 13 a 19 de agosto. Esse mesmo tema será abordado no 13º Simpósio Nacional das Famílias, alinhando-se com o 3º Ano Vocacional do Brasil, uma celebração que se estenderá até novembro deste ano com o propósito de fomentar a reflexão, a oração e o estímulo às vocações no país.
Em entrevista à reportagem, o secretário executivo da Comissão Nacional da Pastoral Familiar, Padre Crispim Guimarães dos Santos, falou sobre a importância da temática: “A escolha do tema da Semana Nacional da Família deste ano passa por dois propósitos. O primeiro está relacionado ao objetivo da Comissão Episcopal para a Vida e a Família da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, bem como da Comissão Nacional da Pastoral Familiar, que é fazer com que as intuições e proposições da Igreja no Brasil cheguem às famílias, pois somos Igreja. Depois, a vivência do 3º Ano Vocacional tem a intenção de lembrar, celebrar e proporcionar a (re)descoberta desse dom dado por Deus que é a vocação”.
A proposta da Comissão Episcopal para a Vida e a Família e da Comissão Nacional da Pastoral Familiar para a celebração da Semana Nacional da Família está concretizada no subsídio que é oferecido todos os anos, o Hora da família. “Seja em família, em pequenos grupos, nas comunidades e paróquias, o nosso desejo é que sejam aprofundados e rezados os temas que apresentamos nesse material, com um encontro para cada dia da semana e também um roteiro de celebração do dia dos pais”, destacou o secretário executivo.
O religioso continuou: “E se existe um lugar privilegiado de valorização e descoberta da vocação, ele se chama família, por isso, a família é fonte de vocações, é nela que as vocações precisam ser trabalhadas, isto é, cada família deve proporcionar condições para que seus membros descubram aquele chamado que Deus, no seu infinito amor, colocou no íntimo de cada coração e que é a única possibilidade de vida feliz”.
Nas palavras do Padre Crispim, além de ser célula-mãe da sociedade, a família é para a Igreja ponto de chegada para a ação pastoral e ponto de partida para a vida comunitária mais ampla: “Na Exortação Apostólica Amoris Laetitia, o Papa Francisco deixa isso claro, ao dizer que ‘O amor vivido nas famílias é uma força permanente para a vida da Igreja’ (88)”.
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