Esse tempo vem sendo festejado desde muito antes do cristianismo. Era um festejo pagão para celebrar o solstício de verão e o início das colheitas. Na Grécia antiga e no hemisfério Norte, o mês de junho coincidia com a colheita e os jogos olímpicos que eram comemorados em torno da deusa Juno, esposa de Júpiter e padroeira do casamento e da fertilidade; nessa época, colhiam-se frutas, milho e arroz, que eram plantados no verão.
Tal tradição histórica e cultural foi abolida com a expansão do cristianismo e o mês de junho deu lugar à comemoração do nascimento de São João Batista, ainda no século VI, no dia 24 de junho, data do nascimento do santo.Foram incorporadas também nesse mês as comemorações de São Pedro e de Santo Antônio, no século XIII.
No Brasil, a tradição foi introduzida pelos portugueses durante a colonização, sendo incorporada no decorrer do tempo aos costumes e à miscigenação das raças na formação da nossa cultura e inculturação de outros costumes, como é o caso da região Sul.
Dentro do devocionário religioso popular faz-se apologia a São João, o precursor e primo do Messias. Passou sua juventude no deserto, anunciou aos seus conterrâneos a chegada do Reino de Deus e batizou o Filho de Deus no rio Jordão, quando começou sua vida pública.
Santo Antônio é frade da ordem franciscana, português de nascimento, excelente dramaturgo e pregador do Evangelho, famoso pelos seus milagres em diversas regiões da Europa e África. São Pedro, pescador da Galileia, foi apóstolo de Cristo e é considerado o primeiro Papa da Igreja Católica, como também na tradição popular é o “porteiro do céu”.
A região Nordeste do Brasil tem essa devoção junina mais forte que em outras regiões, pois temos celebrações com danças populares e fartura do milho e do feijão colhidos nessa época, após o plantio em 19 de março, dia de São José.
É uma época bastante rica em tradição, crendices e devoção do povo nordestino, que nomeou esses santos protetores das festas juninas e que com muita fé as realiza, fazendo que sejam parte da religiosidade popular, além dos festejos litúrgicos realizados pela Igreja Católica. Como arcebispo entre os nordestinos, eu testemunho a alegria de uma gente que, mesmo em meio a tantas dificuldades, não deixa de agradecer a Deus por tudo e esse agradecimento se apoia na intercessão dos santos juninos.
O povo nordestino, durante essas celebrações, é tomado por uma alegria incontida. Acreditamos, e esses santos ensinam-nos isso, que, na vida, a alegria deve permanecer sempre, não somente uma alegria exterior, mas principalmente a alegria que nasce do seguimento de Jesus Cristo.
O povo do Nordeste ama profundamente a vida e o testemunho dos santos, pois eles fazem parte da fileira incontável dos que seguem o Cordeiro de Deus, e com os santos queremos alcançar a meta do céu!
Artigo escrito pelo Dom Frei Manoel Delson Pedreira da Cruz, ofmcap, extraído da seção “Celebração” da Revista Ave Maria, na edição de junho de 2018.
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