“Se nós estamos mal cuidados, mal humorados, mal vividos, adoecidos, como é que nós vamos enfrentar uma pandemia?” O questionamento é da irmã Mônica de Barros, religiosa da Congregação das Filhas de Jesus, convidada da live “É tempo de cuidar” de terça-feira, 23 de junho. Com atuação na terapia natural, irmã Mônica apresentou quatro eixos da existência humana que devem ser cuidados na perspectiva da saúde integrativa.
“Nós temos que estar em bom estado para cuidar do estado dos outros”, afirma a religiosa que, em seu trabalho no interior mineiro tem “tentando despertar as pessoas para os cuidados com a vida e a vida com mais qualidade”.
Conhecida por irmã Mônica, a religiosa Porcina Amônica de Barros explica que a saúde integrativa, que consiste no cuidado do ser integralmente, envolve quatro eixos de nossa existência, “que infelizmente nesse mundo do capitalismo é tudo esquecido, só tem a questão do produzir”. São eixos ou ângulos que devem ser cuidados a saúde emocional, a energia, a espiritualidade e o corpo.
Cuidar da saúde emocional, segundo irmã Mônica, consiste em cultivar, apreciar “uma boa música, uma boa amizade, uma boa conversa, uma espiritualidade, uma amizade com Deus mais profunda, o saber perceber os presentes de Deus na vida para sermos pessoas alegres, o verde da natureza, o cantar dos pássaros, o romper de uma cachoeira”. É preciso dedicar tempo para tudo isso.
Também é necessário ter afeto: “não temos carinho com as coisas, agora diz que não pode abraçar, não pode beijar, mas isso já fazia, há tempo que não acontecia, um corre-corre e não dá tempo de nada. Os pais não estavam vendo os filhos crescerem. Isso no ângulo das nossas emoções”.
Aqui não se trata de corrente elétrica, “mas é a força vital do organismo, do nosso ser, essa energia nós vamos abastecê-la com alimentação saudável, sem muitos fármacos, com exercícios físicos, saber mastigar os alimentos, saber apreciar as boas coisas, saber passear no ar livre, curtir as sombras, curtir aquilo que nos satisfaz alegremente, nos refaz – o banho não é só para tirar o suor do dia, é esse contato com a nossa irmã água que faz a gente lembrar do carinho de Deus, da ternura”. Sem essas atitudes, observa a religiosa, “estamos perdendo a energia, a força vital em tudo isso e tudo tem que ser remediado com fármacos”.
Irmã Mônica destaca que espiritualidade não é espiritualismo, “não é aquela reza constante, mas é uma união perene com nosso criador e soberano Senhor”. A religiosa lembra que os santos viviam essa presença de Deus em todas as coisas, sempre dentro do projeto de Deus, e chama atenção para certa incoerência: “às vezes você pode rezar mil Pai-Nossos, mas não é irmão, então está recitando alguma coisa que aprendeu, mas não tem ressonância interna. Às vezes a gente pensa espiritualidade lendo não sei quantos livros, mas como Paulo diz, a natureza é um livro aberto e nós não lemos nada dela, não sabemos, perdemos o costume de contemplar, saborear os presentes de Deus que caem em nossas mãos todos os dias e todas as horas”.
Uma proposta é fazer a “corrente contemplativa” de um pouco de arroz no prato: “se você fizer a corrente contemplativa deste arroz, por quantas mãos ele passou até chegar no seu prato? Isso é carinho de Deus, isso é cuidado de Deus, isso é espiritualidade”, garante.
Também faz parte da espiritualidade ser uma pessoa grata, saber gozar de um sorriso de uma criança, saber apreciar o perfume de uma flor, a beleza de uma flor, segundo irmã Mônica, “é o que nos mantém em ligação com o nosso soberano Senhor, a Trindade Santa que nos criou, nos conserva e mora conosco”.
“A espiritualidade é um remédio muito eficaz para tudo. E como nós perdemos nosso cordão umbilical da espiritualidade, nós vamos ficando pessoas vazias, nós tombamos com uma calúnia, nós tombamos com um olhar de lado, com um pensamento esquisito, porque não temos uma espiritualidade sólida, então estamos também no campo das espiritualidade enfermos”.
O quarto ângulo destacado pela irmã Mônica é “a nossa massa física, que deveria de ser o espelho de Deus, o nosso corpo”. A pergunta é “Como que o nosso corpo é tratado?”.
A terapeuta natural chamou atenção que muitas pessoas se confessam, mas não levam ao sacerdote os pecados contra o corpo: “Eu peguei mais peso que eu devia, estou com a coluna toda torta de tanto peso, eu tomei muito álcool, envenenei meu corpo, eu estou vestindo uma roupa muito apertada de lycra, que eu não consigo respirar, estou aqui imprensada, portanto, estou num nervosismo que ninguém chega perto de mim, porque não estou aguentando, mas eu tenho que obedecer à vaidade, eu tenho que obedecer à moda”.
Também as cores têm uma influência importante na saúde. Para irmã Mônica, as roupas alegres “nos levam também a um humor mais alto, a uma pessoa mais harmoniosa”.
Da mesma forma, uma tarefa essencial é entender a diferença entre comida e alimento: “tem muita comida, mas não tem alimento”, reflete sobre o que se encontra nos supermercados. “A gente tem que ter cuidado com aquilo que estamos ingerindo. Será que a gente faz a diferença entre comer e alimentar? Comer você enche, mas não nutre. O alimento nos nutre, renova nossas energias, repõe as nossas forças”, explicou.
Também participou da live de ontem o bispo de Campos (RJ) e referência da Pastoral da Saúde, dom Roberto Francisco Ferrería Paz.
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