Jonas (Yônah), que quer dizer “pomba de asas aparadas”, era filho de Amati, originário de Gat-Ofer. Foi um dos profetas no reinado de Jeroboão II (587-536 a.C.). A principal missão desse homem foi centrada na viagem a Nínive para exortar o povo à conversão. É importante situar essa cidade trezentos anos antes do profeta, pois ela ficou na lembrança do povo como símbolo da crueldade provocada pelos assírios. Durante séculos foi dominada e entregue à perdição.
Deus teve o propósito de resgatá-la por meio de Jonas, senão ela sofreria a punição. No entanto, o profeta fugiu de Deus, traçando outra rota para Társis; no caminho, o barco em que estava deparou com uma forte tempestade. A tripulação, vendo aquele sofrimento, acreditava que alguém era o culpado da ira divina e decidiu lançar a sorte para descobrir quem era. A sorte caiu sobre Jonas e o profeta, para salvar todos, pediu para ser atirado ao mar e nesse instante cessou a tormenta. Sem saber, Jonas converteu os marinheiros, que fizeram votos de obediência a Javé. No fundo do mar, um grande peixe o engoliu, cuspindo-o três dias depois. Foi o tempo em que tomou consciência de seus atos mergulhando no silêncio, refletindo, enfrentando em contato com seus monstros interiores.
Jonas recebeu novamente o pedido de Deus para ir a Nínive e dessa vez respondeu positivamente ao Senhor. Entrou na cidade e anunciou que ela seria destruída (cf. Jn 3,4); para sua surpresa, a população acolheu o pedido e se converteu. Ele não ficou satisfeito, preferia que a cidade fosse destruída do que convertida. Queixou-se com Deus e desejou a morte (cf. Jn 4,2-3). Podemos dizer que foi um comportamento infantil, em que nem ele mesmo entendeu tamanha contradição.
De Jonas, escolhido para ser porta voz da conversão, podemos tirar várias mensagens. É fato que o livro traz uma simbologia única que precisa ser estudada, mas, cabe a nós entendermos que esse profeta representa um pouco de cada ser humano que vive em seus medos e fugas, sem saber muitas vezes que direção tomar. Entrar no “ventre de uma baleia” é a oportunidade para repensar o chamado de Deus e situar a existência dentro de um projeto maduro a ser construído.
Jonas nos convida a sairmos de nossas zonas de conforto e nos aventurarmos no anúncio profético da Palavra de Deus, superando traumas e negacionismos pessoais para viver a liberdade de filhos de Deus. Por meio de Jonas, Deus quebra as barreiras e os corações duros dos que oprimem e dos que são manipulados, oferecendo a oportunidade de viver para as coisas do alto. Por outro lado, o profeta é a imagem da insegurança que nos envolve quando os medos se tornam mais fortes. Não adianta pedir para morrer como fuga das responsabilidades; o caminho é a conversão, pois Jonas mesmo, que esteve três dias oculto dentro do peixe, tomou sua vida nas mãos e saiu forte para servir a Deus.
Existe no livro de Jonas um apelo didático à conversão por meio da aceitação do amor de Deus por cada ser humano. Aprendamos com a misericórdia a sermos mais humanos. A conversão é o abraço da compaixão.
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