Natã (do hebraico Natan), que significa dádiva ou presente de Deus, foi o mais importante conselheiro para assuntos religiosos a residir na corte do rei Davi, em Jerusalém. Alguns o tratam como profeta, mesmo sabendo que sua função era outra. Os relatos sobre esse personagem são encontrados em 2Samuel 7,1-17 e no Livro de Crônicas (1Cr 29, 29; 2Cr 9, 29).
Quando Davi se perdeu por causa dos pecados cometidos, sobretudo do adultério, Natã é enviado por Deus para confrontar o rei e ajudá-lo no seu exame de consciência. Apresentou com muita sabedoria e discernimento o senso de justiça que o rei possuía, falou de sua unção e dos desejos de Deus. Davi, então, movido pela graça de Deus, arrepende-se e busca consertar seu caminho. Outro dado importante sobre o profeta é que Davi confia a ele a educação de seu filho Salomão, ao qual dá o nome de Jedidias (amado de Javé), o herdeiro do trono de Israel.
Natã tinha como único objetivo trazer de volta o chefe da nação que havia se perdido como a ovelha desgarrada das pastagens. Era um genuíno defensor das tradições de Israel e em algumas ocasiões confronta o rei para garantir que elas não se percam. Num primeiro momento, incentiva Davi a construir um templo em Israel para guardar a Arca da Aliança, que estava em tendas, mas, depois de uma comunicação íntima com Javé, comunica a Davi que o Senhor não quer mais um templo, mas garantirá sua dinastia para sempre.
O amigo do rei e da corte era um homem que amava a verdade e não hesitou em promovê-la, mesmo sabendo que poderia ser morto. Certamente esse era seu maior sofrimento: tentar curar e salvar Davi de suas ilusões. Nos maiores acontecimentos, complôs, injustiças e traições por parte do rei, o profeta Natã estava presente para orientá-lo.
Natã tinha uma profunda intimidade com o Senhor e esse foi seu chamado especial nesse contexto. Sua fidelidade ao rei pode ser interpretada atualmente como lealdade ao próprio Deus, que usa de todos os meios para garantir sua aliança. Natã com sabedoria iluminou a corte com seus ensinamentos, porém, o mais significativo foi ter a coragem de apontar ao soberano seus pecados, tocando a consciência e devolvendo a dignidade a quem havia praticado tantas atrocidades. O profeta é encarregado de colocar Deus no homem, de fazê-lo restabelecer sua conexão com o sagrado, mesmo que o martírio bata à sua porta.
A coragem de Natã é uma virtude a ser examinada e praticada para salvaguardar nossas tradições e os valores pelos quais lutamos. Nada fica impune diante de Deus e sempre é tempo para reverter os erros da história quando existe arrependimento e compromisso com a vida. Foi isso que Natã anunciou a Davi, que humildemente acolheu e mudou sua jornada
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