Deus, no paraíso, amaldiçoou a serpente (o demônio), mas não o homem. Adão e Eva Ele castigou. Prosseguindo a narrativa, Deus disse à mulher: “Multiplicarei os teus sofrimentos, principalmente os do parto; darás à luz em meio à dor e estarás sob o poder do marido e ele te dominará”. E disse ao homem: “… maldita seja a terra por causa de ti; à custa de trabalho penoso é que dela tirarás o teu alimento, até que voltes à terra de que foste tomado, porque tu és pó e em pó te hás de tornar”.
Assim como a serpente recebeu a maldição no lugar de Eva, a terra recebeu-a em lugar de Adão, sendo que a do demônio foi mantida e a da terra foi retirada, conforme se vê na própria Bíblia, quando, mais tarde, Deus dirigiu-se a Noé.
Analisemos a parte referente à mulher. Já houve quem observasse que Adão foi tentado pro uma criatura semelhante a ele, ao passo que Eva o foi por um ser superior a ela, o que atenua sua culpa. No entanto, Moisés, o autor do Gênesis, pertencia a uma cultura em que a mulher era considerada inferior ao homem, o que, naturalmente, influênciou sua narrativa.
Foi precisamente o Cristianismo o porta-voz da Boa Nova, o realizador das promessas e símbolos do Antigo Testamento, que primeiro realçou a dignidade da mulher. Pois se é verdade que o homem cedeu ao pecado mediante as palavras tentadoras de sua mulher, também é verdade que obteve o caminho da salvação por intermédio da palavra de outra mulher. Ao não de Eva (pois ela negou-se a obedecer) opõe-se o Sim de Maria (na submissão à vontade divina).
Ainda, a propósito, é bom frisar o seguinte: para que Eva caísse foi necessária a ação do demônio, mas, para a queda do homem, bastou a má influência da mulher. Isso tem sentido. Todos sabemos como é forte a persuasão feminina. Quando a mulher se corrompe, corrompe-se a família, a sociedade, a pátria, o mundo. Os que pretendem solapar os valores morais degradam e servem-se da mulher para atingir os seus objetivos. Diabolicamente, eles sabem o que fazem – embora a mulher neste caso, em sua mãos, não passe de um joguete.
Para a sua perfeita realização, e para a do homem e da sociedade, a mulher deve renunciar a Eva e aproximar-se de Maria.
Quanto ao castigo do homem, não seria preciso recorrer à Bíblia para verificar que o pecado (nosso e alheio), dificulta a luta pela vida. Comendo um fruto proibido, o homem pecou – agora, precisa de esforço para colher os bons frutos que lhe são oferecidos. Mas a palavra de ordem “dominai a terra” não foi retirada, assim como não lhe foram retirados os dons naturais.
Com inteligência e vontade, à custa de sacrifícios, o homem tem progredido. As conquistas da técnica, facilitando o trabalho humano, são boas. Como são bons os conhecimentos no campo da ciência. O importante é que o homem considere essa vitórias como meios que o levem a Deus e não como fins em si ou meios de destruição e pecado (afastamento de Deus).
Ainda segundo a Bíblia, após o pecado (original), “O Senhor Deus fez para Adão e sua mulher túnicas de pele, com as quais os revestiu”. Portanto, para que o homem cobrisse sua nudez (despojamento da graça) houve derramamento de sangue, algum animal foi sacrificado. Mais tarde, no Novo Testamento, S. João Batista apresentaria Jesus ao povo judaico, como sendo “o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”, e tem profundo sentido e perfeita relação como o pecado original a frase de S. Paulo diria tantos anos mais tarde: “Revesti-vos de Cristo”.
Por fim, diz a Sagrada Escritura que, após o pecado, Deus expulsou Adão e diante do Paraíso pôs um anjo brandindo uma espada de fogo. Maria, a antítese de Eva, é, também, poeticamente, chamada de “Jardim fechado”. De fato, em seu seio, por obra do Espírito Santo, germinou a semente divina. E o anúncio desse milagre, de sua maternidade virginal, foi-lhe dado por um anjo. Agora, é um anjo (talvez, o mesmo) que, como mensageiro do Altíssimo, se curva diante da mulher bendita entre todas, da predestinada a ser mãe do Salvador. Abre-se o mais belo dos “jardins fechados” e um Novo Paraíso desponta para a humanidade.
Antigo Testamento
Imagem do Novo
Eva dialoga com o demônio
Maria dialoga com o anjo
Há falsa amizade entre Eva e o demônio
Há verdadeira amizade entre Deus e Maria
O Homem peca pelo orgulho
Jesus, o Salvador dos homens, é o “manso e humilde de coração”
Adão desobedece – e o homem se perde
Jesus faz-se “obediente até a morte”- e o homem se salva
Comendo o fruto proibido, o homem peca
Agora, com sacrifício, come os frutos lícitos
Desobedecendo, Adão prova o doce fruto
Obedecendo até a morte, Cristo prova fel e vinagre
Adão estende seus braços para a árvore – e isto é perdição
Cristo estende seus braços para a cruz (da madeira, da árvore) – e isto é salvação.
Na “hora das trevas”, o homem se despe da graça
Na hora das trevas, Jesus é despido – para revestir o homem de graça
A tarde, “na hora das trevas” (porque havia trevas em seu coração), o homem peca.
Para remir o homem, à tarde, Jesus é crucificado
Naquela hora (das trevas), no Paraíso, dando as costas a Deus, Adão e Eva começaram a crucificar Jesus
Á tarde, é crucificado Aquele que disse: “O que me segue não anda em trevas”
Num jardim (o Paraíso), o homem peca.
Num jardim (das Oliveiras) Jesus o salva.
Um anjo fecha o Paraíso
Um anjo abre outro (o seio de Maria)
Para vestir Adão e Eva, um animal é morto
Para revestir o homem da graça, Jesus, “o Cordeiro de Deus”, é crucificado
Segundo uma lenda, o crânio de Adão foi sepultado no monte Gólgota
No monte Gólgota, o sangue da cabeça de Cristo o lavou.
Eva é a primeira mãe dos homens
Numa Segunda ordem – restaurada – Maria é a primeira Mãe
Comments0