A morte é um assunto que interpela todas as pessoas; o questionamento sobre o que acontece depois dela está presente nas questões fundamentais de cada pessoa. O cristão, cujo fundamento de fé é a ressurreição de Jesus Cristo, enfrenta a morte com esperança na ressurreição dos mortos e na vida eterna.
Assim, para responder à pergunta apresentada, recorremos ao que nos ensina a Igreja ao longo dos séculos de sua história. No Concílio de Lion (1274) foi afirmado que “as almas totalmente purificadas são logo recebidas no céu”. E a Constituição Benedictus Deus de Bento XII (1336), reza: “As almas de todos os santos (…) logo depois de sua morte (…) mesmo antes de reassumir seus corpos e antes do juízo universal (…) estão no Céu com Cristo”. Para as almas que ainda não estão totalmente purificadas, a Igreja nos transmite a fé no purgatório, que é o estado de purificação das almas. Tudo isso denota dinamismo, movimento e consciência, assim, podemos intuir que não há possibilidade de a alma ficar num estado de inconsciência.
A alma, por ser o núcleo central da pessoa, permanece sempre alma corporal, enquanto marcada por seu corpo, por isso mesmo está sempre ansiosa por se reunir naturalmente ao corpo. Se ela é separável do corpo é unicamente por causa do pecado, como ensina a doutrina da fé. Segundo Santo Agostinho, mesmo separada a alma mantém um “apetite natural de administrar um corpo” e o santo prossegue dizendo que “a imortalidade da alma parece exigir a ressurreição do corpo”. O Concílio Vaticano II afirma que “O germe da eternidade que existe no ser humano, irredutível à pura matéria, insurge-se contra a morte” (Constituição Pastoral Gaudium et spes, 18).
A unidade da alma e do corpo é tão profunda que se deve considerar a alma como a forma do corpo, ou seja, é graças à alma espiritual que o corpo constituído de matéria é um corpo humano e vivo; o espírito e a matéria no homem não são duas naturezas unidas, mas a união delas forma uma única natureza, que é denominada também “unidual”. A Igreja ensina que cada alma espiritual é diretamente criada por Deus – não é produzida pelos pais – e é imortal: ela não perece quando da separação do corpo na morte e se unirá novamente ao corpo na ressurreição final (cf. Catecismo da Igreja Católica, 365-366).
Essa doutrina é chamada “tempo intermédio”, ou seja, o tempo da “alma separada”. A glorificação total do homem ocorre apenas no fim dos tempos, isto é, numa etapa distinta e ulterior à da imediata visão beatífica, ou seja, do encontro com Deus em sua glória.
Fontes: Catecismo da Igreja Católica e BOFF C. Breve tratado teológico-pastoral. Editora Ave-Maria. São Paulo: 2015.
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