A região do Sahel tornou-se um refúgio seguro para grupos terroristas, incluindo o Boko Haram.
“Após a derrota do Daesh [ou ISIS] no Iraque e na Síria, a África tornou-se o novo epicentro do extremismo.” A afirmação é de D. Oliver Dashe Doeme, Bispo de Maiduguri, uma diocese que tem estado no centro da violência jihadista na Nigéria.
Para o prelado, esta situação obriga a comunidade internacional a agir. “Será necessário a colaboração internacional trabalhar em conjunto com os países de África, para derrotar o inimigo comum.”
D. Oliver enviou esta mensagem para a Fundação AIS a propósito do Relatório sobre a Liberdade Religiosa no Mundo divulgado em Portugal e a nível internacional no passado dia 20 de Abril. Em 42,5 % dos 54 países do continente africano há perseguição religiosa, mas em 12 destes países, existem mesmo formas extremas de perseguição, com assassinatos em massa e violência brutal sobre as populações.
Para se contrariar esta realidade o Bispo de Maiduguri pede as orações de toda a comunidade cristã. E envolve até a Fundação AIS nessa iniciativa.
“Para aqueles que desejam ajudar juntamente coma as organizações de apoio como a AIS, peço-vos que rezem pelo fim da violência, e rezem particularmente o Rosário.”
Segundo o prelado, os fiéis da sua diocese já rezam à Mãe de Deus há anos com esta intenção. “Através da fervorosa oração e devoção a Nossa Senhora, o inimigo será certamente derrotado”, acredita.
A violência jihadista é muito comum no norte da Nigéria, onde actua com relativa impunidade um dos mais temíveis grupos jihadistas dos tempos modernos, o Boko Haram. De acordo com o Bispo Doeme, foram mortos neste país, vítimas do terrorismo, cerca de 12 mil cristãos apenas desde Junho de 2015. No entanto, esta comunidade religiosa tem sofrido também ataques por parte de pastores Islâmicos da tribo dos Fulani, bem como de estruturas terroristas originadas a partir do “Estado Islâmico”, como é o caso do ISWAP, o grupo “Estado Islâmico da Província da África Ocidental”. “A componente religiosa neste conflito é clara”, comenta o Bispo, referindo-se à ideologia jihadista que está na génese destes diferentes grupos que não poupam sequer a comunidade muçulmana moderada.
De acordo com o Relatório da Fundação AIS sobre a Liberdade Religiosa no Mundo, a Nigéria continua a ser um dos países mais atingidos pelo terror Islâmico. As Nações Unidas estimam que cerca de 36 mil pessoas perderam a vida em resultado da violência relacionada com o Boko Haram, e que haverá cerca de dois milhões de deslocados. Por sua vez, o Comité Internacional da Cruz Vermelha regista a existência de cerca de 40 mil pessoas desaparecidas em África em consequência da violência terrorista. E destas, sensivelmente metade, são originárias da região norte-nordeste da Nigéria.
Esta é uma realidade dramática que tem vindo a crescer ao longo dos últimos anos em todo o continente africano. É o caso da região do Sahel, como o Relatório da AIS documenta de forma exaustiva. Esta região, explica ainda D. Doeme, “tornou-se um refúgio seguro para grupos, incluindo o Boko Haram, que prometeram fidelidade ao ‘Estado Islâmico’.” O Chade, o Mali e o Níger são outros países já atingidos pela violência do extremismo jihadista onde é possível constatar a existência dessas redes terroristas que procuram criar no continente africano diversas “províncias do califado”, como é já perceptível também em Cabo Delgado, no norte de Moçambique.
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