Salomão (seu nome era Jedidia, antes de ser rei), cujo significado é “o pacífico”, nasceu em Betsabeia (Jerusalém). Era mais novo que seus irmãos, filho da última mulher de Davi, e por esse fato não teria direito ao trono; sua ereção como rei se deu aos 15 anos de idade, antes de seu pai morrer influenciado por Natã, por sua mãe e com o apoio de Banaías, o comandante militar que era mais forte do que Joab. Antes havia sido um homem inativo na corte, mas, tornou-se um grande soberano, herdando do pai um vasto império. Seu longo reinado foi de paz e prosperidade em alguns aspectos, promovendo um fecundo comércio exterior. Fez grandes construções, sendo as mais imponentes seu palácio, mansões e o primeiro templo de Jerusalém. Mostrou-se um excelente diplomata e administrador com visão de futuro. Governou com mãos de ferro, mas, diante de tanto poder, o povo também foi oprimido pelos pesados impostos e pela situação de pobreza.
Na tradição judaica, Salomão é considerado o pai da sabedoria e da literatura sapiencial. Nessa ótica, o rei deveria ser o primeiro dentre os sábios exercendo sua sabedoria aperto da dos deuses, com o objetivo de manter o equilíbrio de seu reino. Sua inteligência superava os povos do Oriente e do Egito (cf. 1Rs 5,10). Sobressaiu-se em seus textos (provérbios, cantos, salmos) e em suas palavras de retidão e de justiça divina e também foi um homem marcado pela vaidade e pela soberba, pelo materialismo, ganância e vida luxuosa. Foi amante de muitas mulheres, o que o arruinou, pois as via como deusas.
O ser humano é cheio de contradições e facilmente pode se perder diante de seus devaneios. A sabedoria desse personagem é ímpar, uma dádiva de Deus, mas seu coração não pertencia inteiramente ao Senhor, como o de seu pai Davi.
A vocação de Salomão é observada em seus grandes feitos, visto que Deus trabalhou em sua inteligência para que seu povo prosperasse. Sua escolha é saudável para estruturar o reino e revelar a beleza do Criador por meio de suas palavras que atraem e cativam, levando as pessoas à busca pela própria felicidade. Sendo ele o homem mais rico por seus bens, também nos ensina que a confiança em Deus é a riqueza que não se esgota. O homem sábio reconhece que tudo vem de Deus e se não tiver estrutura para lidar com as coisas temporais pode facilmente condenar-se e apartar-se da seiva da vida.
A sabedoria é um dom em permanente estado de acolhimento. Quando bem usada, servirá para libertar o ser humano de suas idolatrias e o conduzirá à felicidade infinita. Esse chamado divino é o que nos torna ricos diante de Deus e colaboradores na fraternidade e unidade entre os povos.
“Que o sábio escute, e aumentará seu saber, e o homem inteligente adquirirá prudência para compreender os provérbios, as alegorias, as máximas dos sábios e seus enigmas. O temor do Senhor é o princípio da sabedoria. Os insensatos desprezam a sabedoria e a instrução.” (Pr 1,5-7)
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