Prezados vocacionados, estimados irmãos e irmãs, ao celebrarmos no último domingo a Solenidade de Pentecostes, ficará sempre em nosso coração se assim compreendermos tamanho mistério, um ardente e abrasador desejo de continuar a missão salvífica de Jesus Cristo confiada aos apóstolos no Cenáculo em Jerusalém.
Logo, somos também chamados a esta vocação por meio de nosso batismo que é dado mediante as três pessoas da Santíssima Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo. Consequentemente, ao ouvirmos as palavras do Mestre, iremos fazer novos discípulos através da graça Batismal e do Evangelho. E tudo isto conforme o chamado de Cristo ao enviar-nos para tal missão: “Ide, portanto, e fazeis que todas as nações se tornem discípulos, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28, 19).
Com efeito, caríssimos, esta é a missão de todo cristão que ama e observa tudo o que foi prescrito pelo Pai no Filho. No entanto, ainda podeis pensar: “mas responder o chamado de minha vocação particular será igual aos demais irmãos em Cristo, segundo o que está proclamado em Mateus 28, 19?” Sim, caríssimos! Contudo, não esqueçamos de nossa vocação universal: a da santidade. E mais ainda, daquele chamado que recebemos, um dia, do Senhor por meio das nossas orações e sinceros colóquios com Ele.
Em seguida ouvi a voz do Senhor que dizia: “Quem hei de enviar? Quem irá por nós?”, ao que respondi: “Eis me aqui, envia-me a mim” (Is 6, 8)
Percebem agora irmãos, como o Pai há de nos chamar se nos colocarmos em sua presença de coração aberto e contrito, sem ao menos sequer estarmos esperando? E se outrora estávamos longe da graça, sem compreender o real sentido de nossas vidas, foi por causa que ainda não tínhamos recebido a graça, o sopro santificante dado pelo Espírito Santo que nos une ao Pai e ao Filho. Pois a cada um é dada uma vocação diferente da qual estamos em comunhão num só Corpo e num só Espírito.
Ao contemplarmos às Sagradas Escrituras, vemos que de modo semelhante O Senhor chamou vários “profetas” para realizarem suas vocações de diversas maneiras. Vejamos, portanto, algumas dessas passagens: A vocação de Abraão: Chamado a ser o pai das nações e da fé (Gn 12, 1-3); Samuel: o que escuta a voz de Deus (1 Sm 3, 1-21) e Jeremias: O profeta das nações (Jr 1, 4-10). Além disso, há uma vocação que marca um divisor entre o Antigo e Novo Testamento, isto é, o fim do Antigo e início do Novo, a vocação da Santa Mãe de Deus, a Virgem Maria. Ela, que se ofereceu como serva do Senhor com seu Sim dado ao anjo Gabriel. Maria tornou-se cooperadora por excelência da missão salvífica de Cristo. Por meio dela o Messias veio nos visitar, Ele, o Emanuel, Deus conosco, o Verbo Encarnado: Jesus Cristo (Lc 1, 26-38). E uma vez que nosso Senhor esteve em nosso meio, fazendo-se homem semelhante a nós, exceto no pecado, também fez discípulos ao chamá-los. Como vemos nos Evangelhos: Aos discípulos: serão pescadores de homens deixando tudo e seguindo Jesus. (Lc 5, 1-11). Além do mais temos a eleição e missão dos Doze em (Lc 6, 12-16) e (Lc 9, 1-6). E por fim, Saulo (Paulo), àquele que “caiu do cavalo”, ou seja, o que caiu em si quando Cristo veio ao seu encontro no caminho para Damasco. Ele esteve imerso entre dois mistérios: a conversão e a vocação. Ainda Saulo, foi instrumento da escolha do próprio Jesus (At 9, 1-25).
Portanto, irmãos, foi o Senhor quem chamou todas estas vocações, cada uma por seu nome, afim de que pudessem responder ao seu chamado, que se constituiu de maneiras e contextos diferentes, conforme a missão e vocação de cada um. Vemos isto se completar, mais uma vez, na segunda leitura da solene liturgia do último domingo: “Há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo; há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo; diversos modos de ação, mas é o mesmo Deus que realiza tudo em todos” (1 Cor 12, 4-7). De fato, eleitos de Cristo, contemplemos assim a vocação na qual fomos chamados por Ele.
“Há um só Corpo e um só Espírito, como também há uma só esperança à qual fostes chamados, a de vossa vocação” (Ef 4, 4)
Caros irmãos em Cristo, o Senhor convoca-os para a missão de realizarem suas vocações sejam quais forem. A nós, cabe o propósito de coração, e ao Pai, a confirmação. “O coração do homem planeja seu caminho, mas é Iahweh que firma seus passos” (Pv 16, 9).
Todavia, só seremos capazes de responder a nossa vocação se tivermos uma vida de oração. Vejam, irmãos, como o Carmelo contribuiu para que surgissem muitos santos para a Igreja. E muito disto se deve ao carisma Carmelita e sua espiritualidade. Foi lá, no silêncio da solidão e contemplação que ouviram muitas vezes a voz daquele que clama no deserto. Sendo assim, depois de um encontro com o Senhor, ficará sempre um sutil convite que consome nossa alma de amor e esperança, D’aquele que diz: “Vem e segue-me!” (Mt 19, 21).
Frei Marlom Francis S. Moreira, O.Carm.
Promotor Vocacional
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