Joel significa “Javé é Deus”. Ele era filho de Fatuel (cf. Jl 1,1) e fez parte do grupo dos doze profetas menores que viveram no pós-exílio de Judá (reino do sul). Infelizmente, pouco sabemos sobre sua vida. Não há precisão sobre o período em que viveu, provavelmente entre os séculos VIII e V a.C. Seu livro possui poucos capítulos, divididos em duas partes, que tratam da praga de gafanhotos e do Dia do Senhor. Talvez fosse um profeta ou sacerdote ligado ao culto. Para o cristianismo, ele é conhecido como o profeta do Pentecostes quando faz menção ao Espírito Santo derramado sobre todos (cf. Jl 3,1) e da penitência, pois exortou ativamente o povo à prática do jejum, da oração e do arrependimento, a restaurarem sua fé em Deus, sobretudo nos tempos difíceis pelos quais passou.
Ao descrever, na primeira parte de seu livro, a desgraça que se abateu sobre o povo proveniente da praga de gafanhotos, entendeu-a como castigo divino e um pedido a que restaurassem a aliança com o Senhor. Deus se compadecerá e não mais os destruirá se derem a Ele sua vida, serão abençoados e fecundos. Já na segunda parte, fala da paz e da harmonia por meio do Espírito Santo derramado nos corações. Essa graça trará abundância ao povo, pois o “Dia do Senhor” é a vitória sobre o mal e o sofrimento. Por meio da vinda do Espírito, Deus manifestará seu perdão e seu amor aos eleitos e os farão participar da salvação.
Joel, em sua pregação, faz um convite ao ser humano a reconquistar sua amizade com Deus e servi-lo com alegria, com um coração que se abre à paz e destrói o mal. Somente pela conversão é que Deus pode reinar e habitar o santuário das almas. Podemos trazer para nosso tempo esse desejo e interpretar os sinais da natureza, sobretudo as catástrofes, que se somam aos fracassos humanos, como expressão de que precisamos mudar as atitudes para que a vida respire e nossa sociedade tenha sentido.
Os profetas, assim como Joel, estão conscientes de que não vale a pena afastar-se da criação; devemos cuidar e amar, pois é a morada do Espírito, o lugar sagrado onde Deus se manifesta e se relaciona. Sem coerência de vida e zelo pelo bem comum nos tornamos bárbaros de nós mesmos e nos rendemos à devastação.
Joel é um homem atento, sensível, responsável e comprometido com seu Deus. Entrega sua vida para abrir os olhos da cegueira social e reconquistar a paz. Exorta a confiar no Senhor e reconhecê-lo como único: “Sabereis então que estou no meio de Israel, que sou o Senhor, vosso Deus, e que não há outro. E jamais meu povo será confundido” (Jl 2,27).
O Dia do Senhor é o tempo da esperança, em que o povo redimido encontrará consolo e traçará um projeto sustentável ao lado do Criador. A vocação de Joel é mostrar ao povo que diante das calamidades Deus não o abandona, mas pede que retorne ao primeiro amor e seja felizes em sua missão filial.
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